Velhice
Não olhes para os
riscos que marcam meu rosto;
Não olhes para meu
olhar apagado
nem para o meu
corpo encurvado.
Carrego nos ombros
tanto tempo
vivido.
Tantas horas
trabalhadas.
Meu sorriso agora
esmaecido,
outrora alegre
avermelhado.
Não olhes para
meus pés cansados
nem para meu andar
desajeitado.
Fui saltitante,
corria pelos vales
com alegria.
Hoje prisioneira
és minha alma
neste corpo
envelhecido.
Sonha com o
quebrar dos grilhões,
alçar vôo na
eterna liberdade.
Não olhes para
esta pessoa,
somente para quem
vive aqui dentro
trancada pelo
tempo.
Imagem da net (©Pintura de
Graça Morais)